domingo, 3 de fevereiro de 2013

ARISTÓTELES.

“VIRTUDE EM ARISTÓTELES”.
(por Ândrea Cristina Pimentel Palazzolo.)



Aristóteles nasceu em Estagira, numa colônia grega sob domínio Macedônio, no primeiro ano da nonagésima nona olimpíada, quer dizer entre 384/383 a. C., e morreu em Cálcide, em 322 a.C.

Uma das Características marcantes do pensamento de Aristóteles é o seu apreço pela organização hierárquica dos objetos e de seus saberes. Nestas hierarquias, sobressai sempre um fundo teleológico, isto é, que organiza as realizações segundo um determinado fim ou finalidade (telos).

Mas é sobretudo no campo da ação, na Ética e na Política, que o pensamento teleológico de Aristóteles tem não apenas maior importância, como também maior persistência na atualidade.

Na Ética a Nicômaco, assim denominada porque foi dedicada à educação de seu próprio filho ( Nicômaco), Aristóteles começa tratando do homem em formação, sendo educado para ser virtuoso.

Para melhor compreensão o estagirita divide a alma humana em duas partes a parte racional e outra a irracional.

Na parte racional, está a virtude dianoética, ou seja, a boa qualidade do pensamento, da razão, é a parte com a qual contemplamos. Ela se subdivide em duas partes: parte científica e parte calculativa (calcular é deliberar).

Na parte científica, trata-se do saber teórico, das ciências puras, da sophia, da episteme, do conhecimento teórico, do saber pelo saber, e aqui encontramos a virtude da parte científica, a teorética, que trata do invariável, que não pode ser de outra maneira.

Na parte calculativa, já que calcular é deliberar, refletir, trata do saber prático, encontramos a virtude da parte opinativa, calculativa, logo deliberativa. Trata aqui do variável, do que pode ser de outra maneira.

Dentro da parte irracional ele subdivide em duas outras: a parte vegetativa e a apetitiva.

A parte vegetativa é a causa de nutrição e do crescimento, da geração, corrupção e morte, sendo que este tipo não é especifico da espécie humana, compartilham também os animais e plantas.

Na parte apetitiva, em que pese ser irracional, em certo sentido também participa da razão, na medida em que lhe obedece. São os desejos, emoções, apetites, paixões. E aqui, é na parte apetitiva que vamos encontrar a virtude ética, do caráter, da moral.

Entendendo por virtude a boa qualidade e ética como o hábito, o costume. Assim, quando se fala em virtude ética é a boa qualidade do hábito, do costume.

A virtude moral tem a qualidade da sophrosyne que é a boa medida, é o equilíbrio.

Já a hybris é o oposto da sophrosyne, é o desequilíbrio que existe no vício.

A virtude tem que ser exercida sempre, é um treinamento através do hábito, trata-se da educação dos apetites.

Para Aristóteles é através da Educação é que aprendemos a ser virtuosos.

A virtude passa a ser uma segunda natureza, pois adquirida pela Educação.

Para tanto há que se ter um bom professor.

O bom educador ensina bons hábitos aos alunos, forma um bom caráter neles e isto acontece através da prática: erra, corrige, erra, corrige...

Se erra é corrigido, se acerta é louvado. O aluno está ainda em formação. É um condicionamento. Até que realmente ele deseje e esteja realmente convencido que aquilo é bom e se torne um hábito.

Assim, as virtudes e os vícios, para Aristóteles, vêm através dos hábitos.

O caráter se constrói através do hábito. As pessoas podem ter um bom caráter ou um mau caráter. Tudo vai depender da sua formação da sua educação.

Ensinam-se bons hábitos, praticam-se bons hábitos, ou corrige-se o erro. Resultado disto é boas ações, até que realmente de tanto praticar, eu realmente deseje praticar bons hábitos. Até que esteja formado e não erre mais, ou excepcionalmente erre.

Ações temperantes, resultado a temperança, novamente ações temperantes, virtude da temperança, numa constante atualização de ações temperantes tendo como resultado a virtude da temperança e de tanto praticar eu realmente esteja convencido e deseje o que faço e isso se torna um hábito.

Mas o que é a temperança?

É o meio termo entre a intemperança (todas as paixões) e a insensibilidade.

Assim também com a coragem, ações corajosas, virtude da coragem, ações corajosas, virtude da coragem....

Também quanto aos atos justos, que resulta na virtude da justiça, novamente atos justos, justiça, até que eu realmente deseje.

Assim o Educador usa da razão para ensinar e o aluno aprende praticando, aprende a controlar a parte irracional dos apetites, emoções, paixões e consequentemente se obtêm a virtude ética, do caráter, da moral.

Quanto ao agir virtuoso tem que ter prazer, tem que desejar, tem que estar convencido que é bom e isto tem que ser um hábito.

Com efeito, a virtude tem que ser exercida sempre. É um treinamento pelo hábito, se educa os apetites.

Para Aristóteles nada por natureza é modificado pelo hábito.

Portanto a virtude não é por natureza, ela não é natural.

Ela se consegue através do bom hábito.

Na natureza primeiro você nasce com a potência depois age conforme.

Na virtude ao contrário fazemos o hábito para depois ter a potência.

A virtude é o reto desejo.

O homem virtuoso experimenta prazer e dor na forma adequada. Já o vicioso será o contrário disto, por exemplo: fazer mal lhe dá prazer.

As emoções e as paixões devem estar de acordo com o homem de bem. Tudo na justa medida, a sophrosyne (do grego).

Para ensinar é necessário saber.

Para educar é necessário ser.

Ou o homem é virtuoso ou não é homem.

A virtude moral é uma forma de ser.

E ser feliz é agir de acordo com a virtude.


Bibliografias Consultadas:

1)Santoro Fernando, Aristóteles, Os Filósofos Clássicos da Filosofia, Vol I de Sócrates a Rousseau, Rossano Pecoraro(org), 2008, Editora Vozes Ltda., Petrópolis.

2) Os Pensadores, Aristóteles, Ética a Nicômaco, Vol.IV, Editor Victor Civita – 1973.