Para
que Filosofia?
(por Ândrea Cristina Pimentel
Palazzolo).
Em geral, essa pergunta
costuma receber uma resposta irônica, conhecida dos estudantes de Filosofia:” A
Filosofia é uma ciência com a qual e sem a qual o mundo permanece tal e qual”.
Ou seja, a Filosofia não serve para nada. Por isso, se costuma chamar de
“filósofo” alguém sempre distraído, com a cabeça no mundo da lua, pensando e
dizendo coisas que ninguém entende e que são perfeitamente inúteis.
Essa pergunta, “Para
que Filosofia?”, tem sua razão de ser.
Em nossa cultura e em
nossa sociedade, costumamos considerar que alguma coisa só tem o direito de
existir se tiver alguma finalidade prática, muito visível e de utilidade
imediata. Ninguém, todavia, consegue ver para que serve a Filosofia, donde
dizer-se: não serve para coisa alguma.
Parece, porém, que o
senso comum não enxerga algo que os cientistas sabem muito bem. As ciências
pretendem ser conhecimento verdadeiro, obtidos graças a procedimento rigoroso
de pensamento, na racionalidade dos conhecimentos.
Verdade, pensamento,
procedimentos especiais para conhecer fatos, relação entre teoria e prática,
correção e acúmulo de saberes: tudo isso não é ciência, são questões
filosóficas. Os cientistas partem delas como questões já respondidas.
Assim, o trabalho da
ciência pressupõe como condição o trabalho da Filosofia.
Filosofia é “conditio sine qua non” para as ciências.
É também fundamentação
teórica e crítica dos conhecimentos e das práticas.
Filosofia é um
pensamento sistemático, ou seja, as indagações se realizam com coerência e
lógica.
Atitudes negativas e
positivas constituem a atitude crítica e o pensamento crítico.
A Filosofia começa
dizendo não às crenças, ou seja, a primeira característica da atitude
filosófica é negativa, no sentido de dizer não ao senso comum.
A segunda
característica da atitude filosófica é positiva, é uma interrogação sobre o que
são as coisas, as ideias, os fatos. O que é? Por que é? E Como é? São as
indagações fundamentais sobre o mundo que nos rodeia.
Aos poucos as perguntas
se dirigem ao próprio pensamento com as seguintes indagações: Por que? O que? E
para que? É a reflexão filosófica.
A Filosofia se
interessa por aquele instante em que a realidade natural e a história tornam-se
espantosas e incompreensíveis, quando o senso comum já não sabe o que pensar e
dizer, e as ciências e as artes ainda não sabem o que pensar e dizer.
Filosofia não é
ciência, não é religião, não é arte, nem sociologia, psicologia ou política,
mas faz um trabalho de análise, reflexão e críticas das mesmas.
Conhecimento do
conhecimento e da ação humana, conhecimento da transformação temporal dos
princípios do saber e do agir, conhecimento das formas do real e dos seres.
Como bem afirma
Marilena Chauí Filosofia é o mais útil de todos os saberes, pois busca
compreender o mundo, dá a cada um de nós e à nossa sociedade os meios para
serem conscientes de si e de suas ações, numa prática que deseja sempre a
liberdade e a felicidade para todos.
Com efeito, a Filosofia
abandona a ingenuidade e os preconceitos do senso comum, não se deixa guiar pela submissão às ideias dominantes e
aos poderes estabelecidos, busca compreender a significação do mundo, da
cultura, da história, conhece o sentido das criações humanas nas artes, nas
ciências e na política, dá a cada um de nós e à nossa sociedade os meios para
serem conscientes de si e de suas ações numa prática que deseja a liberdade e a
felicidade para todos.
Então podemos concluir
que, a Filosofia é o mais útil de todos os saberes de que os seres humanos são
capazes.
Bibliografia:
Chauí
Marilena, Convite à Filosofia. Ed.Ática, São Paulo, 2.000.
Nenhum comentário:
Postar um comentário