Ganhei nessa vida terrestre um amigo. Seu nome é José Rodrigues da Silva Neto. Folcloricamente conhecimento como Netinho.
Esse amigo se transformou num irmão.
Lutamos na preparação para concursos públicos.
Fomos aprovados, eu para Delegado de Polícia em São Paulo, e Netinho para Promotor de Justiça no Estado de Mato Grosso. Fomos um na posse do outro bravejando duas vitórias como se fossemos uma mesma pessoa.
Visitar fisicamente um ao outro se tornou tarefa difícil, pois os afazeres do cotidiano que cada qual vivia, impossibilitava-nos; mas nada que não deixasse de mantermos nossa aproximação espiritual, com orações, mensagens e telefonemas.
Netinho conheceu minha família. Netinho foi padrinho do meu casamento. Netinho conheceu minha filha.
Netinho foi meu professor. Netinho foi meu conselheiro. Netinho foi o parceiro do sofrimento e da alegria.
Netinho nos deixou desse plano terrestre em 25/10/2015 num trágico acidente automobilístico quando retornava para sua Comarca de trabalho.
Contudo, tenho certeza que Netinho continuará cuidando de todos nós lá de cima. Ele, com sua magnitude angelical soube semear o amor, fazendo nascer, com isso, em cada um que cruzou seu caminho, a felicidade de viver com tal amor.
Minha irmã Ândrea, como conforto para a saudade que nos toma neste momento, registrou Netinho da seguinte forma, fazendo dessas as minhas palavras:
TRIBUTO A JOSÉ RODRIGUES DA SILVA NETO
(por Ândrea Cristina Pimentel Palazzolo)
Nosso
ausente mais presente teu nome é José Rodrigues da Silva Neto (nosso José Neto
/ Netinho).
Com
suas voltas e reviravoltas, a partida de Netinho traça o limite: nela termina o
jogo da vida, dos signos, do sentido. E a partir daí se travam novas relações…
Netinho
foi o homem do sentido, teve um ideal,
lutou combativamente por ele. Não foi um homem da extravagância, mas antes o
peregrino meticuloso que detém diante de todos as marcas da perseverança e
luta.
Ele
é um herói! Ele é o nosso herói! Combateu
o bom combate, percorreu o caminho e guardou a fé. Curto caminho.
De
sua província familiar chegou a afastar-se, mas era preciso. Percorreu
indefinidamente e transpôs as fronteiras nítidas do seu objetivo.
Ele
próprio se confunde com seu sentido, com seu télos, com seu signo.
Longo
grafismo magro como uma letra, que acaba de escapar diretamente da fresta dos
livros.
Seu
ser inteiro neste momento é linguagem, texto, folhas impressas, história
lembrada e relembrada. Aparece então
como feito de palavras entre-cruzadas; é escrita no mundo das palavras, é dor em meio à tantas
surpresas.
É
sentido da vida que sente.
E
nessa nova relação surge também como lembranças, episódios, façanhas,
cumplicidades…
Reconhecer nossa condição de
mortais implica cuidar da memória dos que partiram.
José Neto nosso ausente sempre
presente.
1) Foucault, M.; As Palavras e as Coisas. S.P., Ed.
Martins Fontes, 2007.
2) Gagnebin, Jeanne Marie; Lembrar escrever esquecer..
SP, Ed. 34, 2006.
3) Tarso, Paulo ; Epístola de São Paulo.
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